terça-feira, 8 de março de 2016

O meu sítio...


É aqui que revelo os meus sentimentos ao vento. Porquê ao vento? Porque sei que ele não os irá espalhar e, com sorte, pode ser que os leve com ele... Posso ficar aqui por horas... Só a música, eu, e esta paisagem... O sítio é público mas eu acabo sempre por pagar com memórias e pensamentos, e fico "livre" de alguns pesos que me incomodam e arrastam, mesmo que seja apenas por breves momentos... Pessoalmente, é um dos meus sítios prediletos, e venho cá quando preciso, embora gostasse de cá vir mais vezes... Por isso obrigada a quem mo mostrou! Das pessoas que conhecem isto, não acho que haja um grande número delas que o use como "escape", porque eu posso passar horas aqui e ver um número bastante baixo de pessoas... E é óbvio que não me importo, porque há mais silêncio e tenho uma "ligação" mais forte com este sítio e comigo mesma. Um fato irónico e talvez um pouco mórbido: este sítio fica "guardado" por um cemitério, e se não me tivessem "arrastado" para lá e dito que me ia surpreender, eu nunca me atreveria a "cuscar" para estes lados... As aparências realmente iludem, porque eu surpreendi-me pela positiva com este local! E por gostar tanto deste sítio, decidi trazer algumas pessoas... Disse-lhes que queria mostrar-lhes "um local junto a um cemitério de onde se pode ver o rio e árvores, estar em contacto com a natureza (...)", e as pessoas filtraram a parte de ser junto a um cemitério e ficaram a pensar que eu era maluca. No entanto, quando eu as convenci a lá ir, ficaram maravilhadas. Disseram que eu realmente tinha razão e que era um sítio lindo!
Nas grades, além de muitas outras coisas, estão escritos desabafos, sentimentos, segredos, poemas... Talvez eu tenha escrito agora mesmo o meu desabafo... Ou talvez não... Há quem não entenda o que eu sinta, e o que torna tudo melhor é que aqui não preciso de palavras, embora as sussurre, esperançosa de que o vento vá fazer o seu "trabalho". É estranho como o vento esfria a minha pele, mas de um certo modo consegue aquecer um pouco o meu coração... Respiro fundo este ar puro, meto os auriculares nos ouvidos, olho para o rio e deixo tudo aquilo que eu sinto e penso, ser livre, depois de tanto (tentar) esconder. Não que alguém ouça ou vá saber, mas porque já alivia bastante estar finalmente em harmonia interiormente, nem que seja por uma tarde. Considero este sítio, o meu sítio, embora seja de livre acesso a todos. Tenho medo de que chegue o dia em que o visite pela última vez...
Enquanto escrevo isto estou sentada num banco de pedra e lembro-me da primeira vez que cá vim, aproximadamente há um ano; e também me faz lembrar que muita coisa mudou desde aí. Eu mudei, os meus pensamentos mudaram e aquilo que eu quero para mim também mudou. Já não quero o que queria há 1 ano e quero coisas que nunca imaginei querer. Transformei-me. Assim como muita gente.
Uma coisa que não mudou é que eu já considerava este sítio, o meu sítio há 1 ano atrás, e gosto que isso não tenha mudado. Este lugar faz-me chorar, rir, faz-me pensar, faz com que eu consiga, finalmente, tomar algumas decisões, e faz com que eu siga, passo a passo, em frente. Só não me faz esquecer, até pelo contrário, mas ajuda bastante ao aliviar um pouco esta carga de confusão mental, embora poucos entendam a razão de este miradouro ser tão importante.
Obrigada, de novo, à pessoa que me mostrou isto... Foi o melhor sítio que poderia ter conhecido cá em Vila Real.

"A minha alma (dói)
perde-se ao som do vento!"
- Autor Desconhecido

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