quinta-feira, 7 de abril de 2016

Um passado que não me pertence...

Hoje vi algo que me fez viajar pelo passado... Um passado que não é meu, que eu nem vi acontecer, e que não posso mudar; no entanto é um passado que me diz algo... Um passado que pode prejudicar-me, e que pode pôr em causa o futuro... Um futuro em que eu quero estar envolvida, caso o passado deixe. Umas simples iniciais escritas por aí deixaram-me a pensar naquilo que pode ser, e naquilo que poderá nunca tornar-se realidade. Umas simples iniciais fizeram com que eu os imaginasse lá, a sorrir, a beijarem-se, a andar de mãos dadas, a serem felizes. O meu cérebro teima em dizer que eu conheço as pessoas atualmente, porém existem alternativas que fazem mais sentido... E mesmo que eu esteja correta e conheça as pessoas do presente, não conheço as pessoas daquele passado, mas imaginei aquilo que poderiam estar a fazer ao escrevê-las. Existem hipóteses bem mais plausíveis, mas a minha imaginação não se deixou vencer e fui "vendo", como num flashback do qual nunca fiz parte, toda aquela situação, todo aquele amor. Por vezes o passado pode ser uma corrente poderosa, que nos prende e não nos deixa seguir o nosso caminho. O meu passado fez com que eu atualmente tenha medo de arriscar, deixa-me com saudades da pessoa que eu fui, em tempos... Como se alguém me tivesse tirado toda a coragem e só tenha deixado o medo... O medo de tudo e de qualquer coisa. E já não me reconheço, quero voltar a ser a pessoa destemida que era. Este medo foi impedindo que eu arriscasse, fechou-me portas para futuros possíveis que agora são um mar de nada. Nem passado, nem presente, nem realidade. Perdi oportunidades por ter medo, por culpa do passado. E começo a pensar nas iniciais, de novo. Será que também sentem medo por se terem magoado? Por já não estarem juntos? De acordo com o pouco que sei, e com o muito que a minha cabeça imagina, ela não tem medo... Ela está feliz, com outro, a planear tudo aquilo que tinha planeado no passado. Ele, por outro lado, talvez por ter saído magoado da história, está sozinho, com medo de arriscar. Um pouco como eu. E eu um pouco como ele. Os dois magoados, os dois com medo, cada um do seu jeito estranho, cada um a viver como pode. Os dois mantêm um disfarce, como se nada houvesse por detrás, como se aquilo que os outros vissem fosse a realidade. Mas não é.
Ou então não. Ela pode estar bem, e ele também. Ou ela estar mal e ele estar ótimo. Da vida deles só eles sabem, o problema é a minha imaginação que sisma em passar-me a mensagem de que eu devia pensar no passado deles, em que devia pegar nas peças e fazer o puzzle de 811312914 peças sem imagem para ilustrar. E talvez eu esteja a montar o puzzle da maneira errada. Puzzles à parte, os passados são difíceis porque já não dá para alterar nada, só se pode aceitar e continuar a lutar contra as amarras mentais que nos impedem de prosseguir e alcançar o que queremos. Se não fosse o medo, talvez eu, ou ele, ou ela, ou outra pessoa qualquer estivesse bem melhor na vida... Ou podia ter batido com a cabeça na parede por ter tomado decisões erradas... Se isso tivesse acontecido, tinha-se aprendido uma lição, em vez de um dia, no futuro, olhar para este presente que já será passado, e pensar "e se?"... Por isso prefiro errar, bater com a cabeça na parede e aprender algo, do que ficar a ver o tempo passar, não aprender nada com isso, e um dia me perguntar "e se eu tivesse arriscado?". Devagar, bem devagarinho, irei voltar a ser quem um dia fui, sem medos, e sem algemas a prender-me ao passado, para que possa olhar para trás e orgulhar-me de não ter deixado o medo vencer.
Tudo isto por umas iniciais, que nem sei se lhes pertencem, que são de um passado que não me envolve, mas que, quer o meu cérebro tenha razão ou não, pode fazer com o futuro não me inclua. Porque não são as iniciais que interessam, e sim a vontade de tomar uma decisão para que o futuro seja como eu quero.

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